Oh, Canada de Paul Schrader: A nossa opinião e trailer

Oh Canada, de Paul Schrader, apresentado na Competição Oficial do Festival de Cannes 2024, é um filme ambicioso mas enigmático. Realizador prolífico, Paul Schrader é também famoso por ter escrito argumentos para alguns dos maiores nomes, de Martin Scorsese(Taxi Driver, Raging Bull, A Tombeau Ouvert) a Brian De Palma(Obsession).

Habituado, desde o seu regresso ao sucesso da crítica nos últimos dez anos, a filmes de baixo orçamento, Paul Schrader volta a fazê-lo com um pequeno filme sob a forma de umenigma que terá de ser decifrado por si próprio. O retrato falhado de um homem, Leonard Fife(Richard Gere, que volta a reunir-se com o realizador 44 anos depois de Gigolô Americano), que foi um grande documentarista do seu tempo e que, em fase terminal de cancro, se prepara para deixar este mundo. Como representar o artista perante a morte e o legado que deixa - mas, sobretudo, como restabelecer a verdade antes que seja tarde demais?

Da sua recusa em participar na guerra do Vietname ao seu posterior exílio político no Canadá, passando pelo seu empenhamento na política de esquerda e pelo fracasso do reencontro com o filho, o moribundo recorda as suas memórias de juventude numa entrevista conduzida por alguns dos seus antigos alunos - o filmador torna-se então o filmado.

Adaptada do livro Foregone de Russell Banks, o escritor americano falecido no ano passado e que Schrader leva ao ecrã pela segunda vez (depois de Affliction em 1997), esta entrevista assume rapidamente a forma de uma confissão filmada - com a sua mulher e produtora(Uma Thurman) no papel de testemunha - contando a sua verdade sem filtros e a sua história pessoal a partir de 1968, a sua vida privada e a sua vida pública combinadas.

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Na realidade, as suas memórias estão enevoadas pelos medicamentos para o cancro que está a tomar, o que faz com que nós, o público, e a sua mulher, que atribui a culpa à doença, tenhamos dúvidas, memórias que ele recorda na câmara e que nós descobrimos de forma desconexa no ecrã.

Infelizmente, a mistura de épocas, os saltos no tempo sem respeitar uma cronologia lógica, as aparições de Richard Gere em cenas protagonizadas por Jacob Elordi - o novo queridinho do cinema de autor que interpretou Leonard Fife na sua juventude - e a montagem fragmentada são suficientes para confundir qualquer pessoa - incluindo nós.

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