Beyoncé, Lady Gaga, U2, Linkin Park, Depeche Mode, Coldplay, Billie Eilish, Dua Lipa, DJ Snake, Rihanna, Madonna, Ghost, Pitbull... É difícil fazer uma lista de todos os artistas produzidos pelo gigante Live Nation. Mas o líder mundial no mercado da música ao vivo não se fica pelos concertos. A Live Nation também organiza vários festivais em todo o mundo, incluindo o famoso Lollapalooza. Com 2025 à porta, falámos com Angelo Gopee. O Diretor-Geral da Live Nation France veio aos nossos escritórios para falar sobre os grandes concertos que vão acontecer na capital, o regresso do Lolla Paris e a sua visão da indústria musical.
Pode dar-nos uma breve descrição da Live Nation?Angelo Gopee: A Live Nation é o maior organizador mundial de digressões, festivais e concertos. Estamos presentes em 43 países e organizamos cerca de 43.000 eventos por ano, dos quais 4.000 em França.
Em poucas décadas, a Live Nation alargou as suas actividades a outros territórios, como a Ásia, a Austrália e, sobretudo, a América Latina, que surgiu há cerca de 8 anos.Quantos artistas fazem digressões com a Live Nation todos os anos em França e, mais amplamente, em todo o mundo?Angelo Gopee: Em França, fazemos digressões entre 1000 e 1500 artistas por ano, dependendo das digressões e dos eventos. Nos Estados Unidos, temos entre 4.000 e 4.500 artistas em todo o mundo.
Quais são os principais artistas da Live Nation que deverão atuar em Paris em 2025?
E, por outro lado, quais são os artistas em ascensão a ter em conta nos próximos meses?Angelo Gopee: Para além dos que não podemos dizer, muitos deles já estão à venda, como Billie Eilish, Gracie Abrams, Sabrina Carpenter, Pitbull... Há também Weezer, que vai voltar ao palco. E já estão esgotados os concertos de DJ Snake, David Guetta e Imagine Dragons. Vários destes eventos atraem públicos internacionais e constituem um verdadeiro chamariz económico. Por exemplo, durante a residência de Usher em Paris, 50% do público veio do estrangeiro. Para o concerto de Beyoncé e Jay-Z no Stade France, 60% dos 180.000 espectadores eram estrangeiros.
Quanto aos jovens talentos, a lista é longa, pelo que é difícil enumerá-los a todos. Mas este ano há Chappell Roan, que está a explodir, e Sabrina Carpenter também. Ela fez um Zenith no ano passado e vai fazer dois Accor Arenas completos até 2025. Temos uma dinâmica de jovens artistas que estão a avançar muito rapidamente em comparação com o passado. Há alguns anos, era preciso fazer dois ou três álbuns antes de dar um concerto numa grande sala.
Hoje em dia, os artistas esgotam praticamente as grandes salas assim que lançam o seu primeiro álbum.Quais são as principais tendências musicais dos próximos meses?
Angelo Gopee: Surgiram o K-pop e a afro-fusão, com Burna Boy, por exemplo, que vai atuar no Stade de France em 2025. Há também o C-Pop, com Jay Chou, que esteve no Paris La Défense Arena em janeiro passado (28.000 pessoas). A música country também está a ganhar terreno, com o artista Shaboozey, por exemplo. Estou também a pensar no RnB, que está a regressar em força, e no reggaeton com a Karol G. É tudo uma questão de ciclos, por isso penso que o rock também estará de volta em breve.
O que podemos esperar quando o Lollapalooza Paris regressar, depois de uma pausa forçada em 2024 por causa dos Jogos Olímpicos?
Angelo Gopee: Já anunciámos Olivia Rodrigo como cabeça de cartaz de sexta-feira, juntamente com outros grandes nomes como David Guetta, Justin Timberlake, The Last Dinner Party, Feid, que é atualmente o maior artista pop latino do mundo, e Joé Dwèt Filé, um artista ainda relativamente desconhecido do grande público, mas que é capaz de encher duas Accor Arenas no palco central, para um total de 40 000 pessoas.
Tal como desde a sua criação, o Lollapalooza pretende afirmar-se como um festival de música contemporânea. Em termos de novidades, vamos montar um soundsystem com temas diferentes todos os dias (reggaeton, afro, hip-hop, etc.). A ideia é voltar à essência da música: sem palco, apenas um soundsystem no chão com pessoas a dançar à sua volta. O Lolla Planet vai continuar, assim como o Lolla Chef, o espaço imperdível do festival, introduzido em 2017. Acredito que os chefs são hoje tão artistas quanto qualquer outra pessoa. É importante dar a conhecer os chefs ao grande público com pratos acessíveis, entre 8 e 24 euros. Os nomes dos chefes participantes deverão ser revelados em dezembro. Por último, não haverá Kidzapalooza em 2025. Será substituído por uma zona de bem-estar. Será uma área de relaxamento dedicada aos festivaleiros que queiram descansar os ouvidos, deitar-se e desfrutar da paz e do sossego.
Irão surgir outros festivais da Live Nation em França e em Paris nos próximos anos?
Podemos esperar que o Download Festival regresse a Brétigny?Angelo Gopee: Os festivais são uma questão complexa em França, sobretudo devido aos constrangimentos logísticos e de infra-estruturas. Paris tem uma grande falta de locais dedicados para acolher eventos de grande dimensão, o que torna difícil o regresso de um festival como o Download. Os problemas de transporte e de som na vizinhança também são desafios que temos de enfrentar. Atualmente, existe uma dicotomia em termos das ambições que podemos ter para a música. No entanto, oferecemos formatos diferentes, como o Brunch Electronik em Paris, que atraiu 10.000 pessoas, e o Afterlife em Paris La Défense, com 38.000 espectadores.
Nos últimos anos, são cada vez mais os concertos que esgotam em poucos minutos.
Como explica esta paixão pela música ao vivo?Angelo Gopee: Há vários factores por detrás desta paixão. Em particular, a digitalização tornou a música mais acessível do que nunca e, durante a Covid, muitas pessoas descobriram novos artistas online. Atualmente, milhões de pessoas consomem música através de plataformas digitais, o que permite a muitos artistas chegar a um público vasto. Quando um artista que era ouvido por alguns milhares de pessoas antes da Covid vê a sua base de fãs explodir, é natural que os concertos esgotem muito rapidamente.
A música ao vivo continua a ser uma experiência inigualável; cria emoções e memórias, algo que o digital não pode substituir.Uma palavra sobre o preço dinâmico dos bilhetes para os concertos.
Por que razão está a ser introduzida?Angelo Gopee: Em França, a tarifação dinâmica já está em vigor há 5 anos em vários sectores, incluindo o desporto, o alojamento em hotéis e os transportes (comboios e aviões). Mas ainda não existe nos concertos. Mas vai acontecer. Mas por que razão condená-lo para a música e não para o desporto, por exemplo? Permite ajustar os preços em função da procura, o que beneficia diretamente os artistas, os locais de espetáculo e a Sacem, e limita também o mercado negro dos bilhetes. No dia em que isto acontecer em França, a forma como comunicamos será importante. Mas, na minha opinião, não se trata de uma questão, porque este sistema já existe há alguns anos. De facto, o assunto assumiu proporções gigantescas, porque para a digressão dos Oasis, havia 10 milhões de pessoas que queriam comprar um milhão de bilhetes.
Uma última pergunta, desta vez mais pessoal: quais são as suas melhores recordações de um concerto?Angelo Gopee: Tenho de dizer o concerto da Beyoncé e do Jay-Z no Stade de France em 2014, durante a "On The Run Tour". A digressão não era americana e as duas datas estavam esgotadas.
Quais são os seus desejos para 2025 para os 10 milhões de leitores da Sortir à Paris que são fãs de eventos ao vivo?Angelo Gopee: Gostaria de ver ainda mais concertos, para que todos possam ir a festivais e descobrir novos artistas. Precisamos de novos talentos para encher as salas de espetáculo de amanhã. Encorajo as pessoas a irem ver todas as novas cenas emergentes e novas tendências musicais, porque a França tem um talento incrível.