Depois de Walk the Line, James Mangold regressa às biografias musicais com A Perfect Stranger, um filme que explora um período crucial da carreira de Bob Dylan. Em vez de oferecer um retrato exaustivo do artista, Mangold concentra-se no início da sua carreira, entre 1961 e 1965, um período em que Dylan, ainda enraizado na música folk, estava a fazer uma controversa transição para a música eléctrica. Timothée Chalamet interpreta o jovem músico com uma intensidade impressionante, ao lado deEdward Norton como Pete Seeger e Monica Barbaro como Joan Baez.
Un Parfait Inconnu será exibido nos cinemas a partir de 29 de janeiro de 2025.
Sinopse: Nova York, início dos anos 60. No coração da vibrante cena musical e cultural da época, um enigmático jovem de 19 anos chega a West Village, vindo do seu Minnesota natal, com uma guitarra e um talento extraordinário que irá mudar para sempre o curso da música americana. À medida que forja relações íntimas no seu caminho para o estrelato, acaba por se sentir sufocado pelo movimento folk e, recusando-se a ser classificado, faz uma escolha controversa que terá repercussões mundiais...
Desde as primeiras cenas, o filme mergulha o espetador na agitação de Greenwich Village, onde um Bob Dylan de 19 anos, acabado de chegar do Minnesota, percorre os cafés cheios de fumo para estabelecer o seu estilo. A reconstituição histórica é meticulosa, com cenários meticulosos, figurinos fiéis e uma atmosfera musical envolvente. James Mangold consegue captar a energia rebelde da juventude da época.
As sequências musicais ao vivo conferem uma autenticidade rara ao filme. O próprio Timothée Chalamet canta as canções de Dylan, um gesto ousado que reforça a ligação entre o ator e a sua personagem. A cena culminante do filme, no Newport Folk Festival de 1965, em que Dylan choca o público ao eletrificar o seu som, é tratada com uma tensão dramática palpável. Inspirada no livro Dylan Goes Electric! de Elijah Wald, destaca a oposição entre tradição e modernidade, ilustrando o momento em que Dylan quebrou os códigos da música folk para entrar numa nova era musical.
Trazer um artista tão enigmático como Bob Dylan para o ecrã é uma tarefa difícil, mas Timothée Chalamet consegue fazê-lo de forma brilhante. Em vez de imitar o seu objeto de estudo, capta a sua essência, o seu olhar esquivo, a sua postura desprendida e o seu fraseado único. Não procura tornar Dylan mais acessível mas, pelo contrário, sublinha o seu mistério e a sua feroz independência, recusando ser confinado a uma única identidade.
Em frente a ele, Monica Barbaro faz uma interpretação impressionante de Joan Baez. A sua voz, a sua linguagem corporal e o seu carisma em palco fazem lembrar a cantora. A relação entre Dylan e Baez é tratada com delicadeza, entre a admiração mútua e as diferenças irreconciliáveis. Os seus duetos musicais, filmados ao vivo, estão entre os momentos mais memoráveis do filme.
Quanto a Edward Norton, interpreta um Pete Seeger cheio de nuances, longe de ser um simples mentor benevolente. A sua personagem encarna, por si só, as tensões que atravessavam o mundo folk da época, entre o apego à tradição e a recusa de ver a música evoluir.
De um ponto de vista formal, James Mangold presta atenção a todos os pormenores para que o espetador se fixe nesta época passada. A câmara alterna entre grandes planos, captando as emoções intensas das personagens, e planos longos, situando cada cena no seu contexto histórico e musical. Esta abordagem permite-nos sentir a energia das actuações, ao mesmo tempo que proporciona uma verdadeira imersão na América dos anos 60.
Visualmente, o filme adopta uma paleta de cores quentes e terrosas, reminiscentes das fotografias vintage da época. As luzes ténues dos clubes, as ruas movimentadas de Greenwich Village e as cenas dos concertos banhadas em sombras e contrastes ajudam a criar uma atmosfera simultaneamente íntima e envolvente.
O trabalho de som é igualmente meticuloso, com uma banda sonora dominada pelas canções icónicas de Bob Dylan, interpretadas ao vivo por Timothée Chalamet. Os silêncios são utilizados de forma inteligente, amplificando a tensão dramática e realçando os momentos de reflexão da personagem. Durante os concertos, a mistura recria a intensidade do momento com uma energia crua, prestando homenagem ao poder de palco do jovem Dylan e ao seu impacto no público da época.
Alguns poderão criticar o facto de o filme se concentrar apenas em alguns anos da vida de Dylan, deixando de fora outros aspectos da sua obra e personalidade. Mas esta opção narrativa permite-nos explorar em profundidade este período decisivo em que Dylan passou deesperançoso do folk a revolucionário do rock. O filme não pretende contar toda a história, mas captar o momento em que tudo mudou, em que Dylan se tornou o artista livre e incontrolável que conhecemos hoje.
Um Perfeito Desconhecido é um mergulho na mente de um artista esquivo, um filme que celebra a liberdade artística e a audácia de inovar. O filme de James Mangold não é uma história clássica de sucesso, mas o retrato de um artista em plena mudança, dividido entre as suas origens e o seu desejo de evoluir. Através das poderosas interpretações de Timothée Chalamet e Monica Barbaro, o filme capta nostalgicamente uma era crucial da música americana.
Mais do que uma homenagem, Un Parfait Inconnu recorda-nos porque é que Bob Dylan continua a ser, ainda hoje, uma figura indomável e intemporal na cena musical.
Estreias nos cinemas em janeiro de 2026: filmes e horários perto de si
Em janeiro de 2026, o cinema regressa com uma seleção variada de filmes para descobrir no grande ecrã. [Leia mais]
Cinema: dramas e thrillers atualmente em exibição nos cinemas e a estrear em breve
O drama é um género popular entre os amantes do cinema e há muitos filmes que o representam nas salas de cinema. Se não tem a certeza do que escolher para a sua noite de cinema, temos alguns títulos para recomendar. Siga o guia! [Leia mais]
Cinema: que filme deve ver hoje Terça-feira 18 de fevereiro de 2025?
Não sabe que filme ver hoje? É bom que assim seja, pois o panorama cinematográfico continua a crescer e temos imensos filmes para descobrir perto de si. [Leia mais]