Le Suicidé está em cena na La Comédie-Française, na Salle Richelieu, de 11 de outubro a 2 de fevereiro de 2025. Embora o seu nome possa não soar muito alegre, a peça é uma nova produção de pastelão e empenhada. Trata-se de uma comédia que vai dar boas gargalhadas, mas que também o vai mergulhar em reflexões filosóficas sobre questões sociais e filosóficas.
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Le Suicidé conta a história de Semione, um desempregado preguiçoso e desiludido, totalmente dependente da mulher e da sogra, que vive num apartamento partilhado na União Soviética. Uma noite, depois de uma discussão provocada por um súbito desejo de comer salsichas, Semione vai à cozinha comer qualquer coisa. Mas a mulher, receando que ele se tente suicidar, pede ajuda a um vizinho.
Na escuridão, confunde a salsicha com uma arma. O rumor do seu suicídio iminente não tarda a espalhar-se, chegando aos ouvidos de vários representantes da sociedade. Vendo neste potencial mártir uma oportunidade de fazer valer as suas reivindicações, porque "só os mortos podem exprimir em voz alta o que os vivos pensam", tentam cinicamente convencer Semione a sacrificar-se pelas suas causas.
Esta nova produção cómica, que entrou no repertório da Comédie-Française, combina mecanismos de boulevard com tiradas filosóficas que denunciam os problemas da sociedade. O ridículo da situação do Suicidé confere um carácter burlesco à peça de Nicolaï Erdman, dirigida por Stéphane Varupenne.
Para Stéphane Varupenne, esta será a sua primeira encenação a solo, depois de ter co-dirigido Les Serge (Gainsbourg full stop barre) e Les Précieuses ridicules com Sébastien Pouderoux. Le Suicidé passa-se em 1928, 11 anos após a Revolução Russa, e o objetivo de Stéphane Varupenne é despertar no público da Comédie-Française "esse riso amarelo, esse riso nervoso, esse riso educado e baluarte contra o desespero".
A nossa opinião:
Uma comédia magnificamente louca! Mergulhado na sombria Rússia Soviética, o público descobre uma história absurda escrita pelo russo Nicolaï Erdman, depois censurada em 1932 por Estaline. Dirigida por Stéphane Varupenne, esta nova produção, que acaba de ser acrescentada ao repertório da Comedie-Francaise, é um sucesso, tanto pela qualidade da atuação do elenco como pela sua encenação desenfreada.
Não esperem ver uma peça triste! Embora o tema não seja feliz, a peça de teatro, de tipo vaudeville, combina uma série de situações bizarras com uma denúncia dos excessos totalitários da Revolução. Longe de ser uma análise filosófica do suicídio, a peça denuncia o egoísmo, o individualismo e o egocentrismo dos indivíduos num período negro que Nicolai Erdman não hesitou em ridicularizar.
O elenco da Comédie-Francaise destaca-se, nomeadamente Jérémy Lopez no papel principal, em cenários bem pensados. A encenação de Le Suicidé é bem pensada e original (sobretudo na segunda parte da peça), conferindo um ar de vaudeville ao texto. Se o espetador recebe muita informação em 2 horas e 15 minutos, tanto do ponto de vista visual como textual, a versão condensada de Stéphane Varupenne é um sucesso!
Datas e horário de abertura
De 11 de outubro de 2024 a 2 de fevereiro de 2025
Localização
Comédie française - Salle Richelieu
1 Place Colette
75001 Paris 1
Informação sobre acessibilidade
Acesso
Metro Palais Royal - Museu do Louvre
Tarifas
€6 - €44
Site oficial
www.comedie-francaise.fr