Paris é uma cidade onde cada rua conta uma história e onde o planeamento urbano reflecte a evolução política e cultural do país. Dois grandes eixos estruturam a capital e testemunham a sua evolução ao longo dos séculos: oeixo histórico, que segue uma linha monumental do Louvre até La Défense, e o eixo republicano, mais recente, que atravessa o leste de Paris e celebra os valores da República. Duas perspectivas urbanas que ilustram, cada uma à sua maneira, a face de Paris de ontem e de hoje.
Avia histórica, também conhecida como"estrada real", é sem dúvida a mais emblemática. O seu percurso começa no palácio do Louvre e estende-se em linha reta através daPlace de la Concorde, dos Campos Elísios, doArco do Triunfo e continua até ao bairro comercial de La Défense, marcado pelo Grande Arche. Este alinhamento perfeito é o resultado de um longo processo de desenvolvimento, iniciado já no século XVII por Luís XIV com a criação dos Campos Elísios e depois alargado por Napoleão com oArco do Triunfo.
A ideia subjacente a este eixo era a de ampliar o poder através da criação de uma perspetiva monumental, com cada ponto de passagem a representar um período-chave da história francesa. Originalmente, esta via era utilizada para as procissões reais e militares. Hoje, tornou-se o símbolo do prestígio parisiense, reunindo instituições políticas, espaços culturais e centros económicos.
Menos conhecido, mas igualmente simbólico, o eixo republicano atravessa Paris de leste a oeste, ligandoaPraça da Nação, a Praça da República e a Praça da Bastilha. Ao contrário doeixo histórico, que se centra nas grandes figuras do poder, este alinhamento destaca os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Estas três praças foram palco de grandes acontecimentos revolucionários e continuam a ser locais de reunião populares atualmente.
Este eixo nasceu da vontade de afirmar uma cidade virada para o povo, em oposição à perspetiva régia. Representa as grandes batalhas democráticas e é regularmente palco de manifestações e celebrações cívicas. A estátua de Marianne, entronizada no centro da Praça da República, é um dos seus símbolos mais marcantes.
Enquanto o eixo histórico ilustra a grandeza do passado e a abertura de Paris ao prestígio e ao poder, o eixo republicano encarna o desenvolvimento democrático e a voz do povo. As duas perspectivas esboçam assim uma Paris que oscila entre a herança monárquica e a afirmação republicana. Atualmente, estes dois eixos continuam a estruturar a vida parisiense, cada um à sua maneira. Oeixo histórico continua a ser o palco das grandes celebrações nacionais e dos desfiles oficiais, como o14 de julho nos Campos Elísios, onde o exército francês marcha sob oArco do Triunfo, numa encenação que perpetua a tradição monárquica e imperial da grandeza militar. É também um local popular para turistas e grandes eventos desportivos, como o final da Volta à França.
O eixo republicano, por seu lado, tornou-se o epicentro das manifestações dos cidadãos e das reivindicações políticas. A Praça da República, com a sua estátua de Marianne, é agora o ponto de partida e de chegada das grandes manifestações, quer se trate de marchas pelos direitos sociais, de mobilizações a favor das liberdades ou de homenagens colectivas após acontecimentos importantes. A praça da Bastilha, por seu lado, continua a ser um símbolo de protesto e de memória revolucionária, onde os sindicatos e outros grupos se reúnem regularmente para fazer ouvir a sua voz. Desta forma, estes dois eixos, herdados da história, não são apenas linhas arquitectónicas, mas também marcos vivos que pontuam a vida democrática e cultural de Paris.
Quer seja um apaixonado pela história ou um simples passeante, explorar estes percursos significa explorar duas facetas da capital: uma marcada pelos seus palácios e arcos triunfais, a outra animada pelas suas praças impregnadas de memória e de luta. Duas formas de compreender Paris, a sua história e a sua identidade.
Esta página pode conter elementos assistidos por IA, mais informações aqui.